sexta-feira, 5 de abril de 2013

APARELHO DIGESTÓRIO: INTESTINOS, PÂNCREAS E FÍGADO



OS INTESTINOS 



Intestino Delgado

O intestino delgado é um tubo que fará comunicação com o estômago e o intestino grosso. Sua porção inicial é denominada de duodeno e está inserida por uma curta prega de peritônio, o mesoduodeno. As demais partes do intestino delgado são o jejuno e o íleo, onde encontramos o mesentério que fará a comunicação dessas vísceras com a parede abdominal além de carregar vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos até essa região.
Temos a presença de dois importantes movimentos que ajudarão no mecanismo de digestão. O primeiro é o de movimentação circular interna, onde será misturado o bolo alimentar para que se torne mais homogêneo. Enquanto o segundo é o de movimentos peristálticos que empurraram o bolo alimentar adiante.

Duodeno

O duodeno é dividido em: duodeno descendente, flexura caudal do duodeno, duodeno ascendente e flexura duodenojejunal. É o local em que o bolo alimentar recebe o tratamento de enzimas biliares e de substâncias do suco pancreático.



Papilas presentes no duodeno
Jejuno
O jejuno é caracterizado pela presença de microvilosidades, estas aumentam a superfície de contato com o bolo alimentar, facilitando assim a absorção de nutrientes.
 



Microvilosidades presentes no intestino delgado
Íleo
É região de transição entre o jejuno e o intestino grosso. Entre ele e o ceco há uma prega peritoneal chamada prega ileocecal.
 A seguir veremos as características de cada espécie.



Carnívoros: a massa jejunal ocupa todo o paquímero ventral. É separado pelo omento menor.

Equinos: a massa jejunal ocupa uma posição dorsal esquerda enquanto o cólon ocupa todo o paquímero ventral devido ao seu maior tamanho.
Ruminantes: a massa jejunal ocupa todo o antímero direito uma vez que no antímero esquerdo está localizado o rúmen.


Suinos: a massa jejunal ocupa todo o antímero direito enquanto o intestino grosso ocupa o antímero esquerdo.


Intestino Grosso

O intestino grosso estende-se da terminação do íleo até o ânus. É dividido em ceco, cólon e reto. Sua função é basicamente absorção de água, entretanto nos equinos será responsável por processar a celulose ingerida, sendo liberado neste processo ácidos graxos voláteis.

Ceco
O ceco é um saco de fundo cego que terá como principal função diminuir o fluxo do alimento.
Nos herbívoros ele também ajudará na fermentação da celulose.

Cólon
O cólon apresenta três divisões: cólon ascendente, cólon transverso e cólon descendente.
Nos carnívoros apresenta-se pouco desenvolvido.


Já nos equinos é bem desenvolvido e possui mais divisões, sendo elas: cólon ventral direito, flexura esternal, cólon ventral esquerdo, flexura pélvica, cólon dorsal esquerdo, flexura diafragmática e cólon dorsal direito.

Nos ruminantes o cólon ascendente forma giros centrípetos e centrífugos formando um cólon espiral.
E por fim nos suínos o cólon ascendente se apresenta em forma espiral porem lembrando um cone invertido.

Reto
O reto é a parte terminal dos intestinos, ele estende-se da entrada pélvica até o ânus.







Suprimento sanguíneo dos intestinos

O suprimento sanguíneo é realizado pelas artérias mesentéricas cranial e caudal. A parte inicial do duodeno é suprida pelo ramo hepático da artéria celíaca. A artéria mesentérica cranial irriga maior parte do intestino delgado, a junção íleocecocolica e a parte medial do cólon.
Anastomoses asseguram o suprimento sanguíneo para o intestino garantindo sua sobrevivência mesmo diante da obstrução de um vaso nutridor.

                            Setor de morfologia – DVT /UFV






CURIOSIDADES

Intussuscepção: fenômeno em que ocorre a entrada de parte do intestino dentro do próprio intestino, mais comum em intestino delgado e cólon.









Os intestinos do ruminante

Os intestinos dos ruminantes estão localizados a direita sendo que o rúmen ocupa todo o antímero esquerdo. O comprimento total do intestino grosso e do intestino delgado nos bovinos é cerca de vinte vezes o comprimento do corpo.
O cólon descente apresenta um mesentério inicialmente curto, mas se prolonga em frente ao sacro, onde o cólon forma uma flexura sigmoide antes de continuar com o reto.
Uma curiosidade do ceco dos ruminantes é que quando ele está repleto de ar há uma flutuação do mesmo. Após longos períodos a situação só pode ser revertida cirurgicamente.
Como vemos na figura a baixo o cólon ascendente dos ruminantes possui a particularidade de se apresentar de forma espiralada.

 Fonte: DYCE, K. M. et al. Tratado de Anatomia Veterinária





Os intestinos do cão

Depois de passar pelo estômago o bolo alimentar seguirá para o duodeno descendente, passará pela flexura caudal do duodeno, seguindo para o duodeno ascendente, jejuno, íleo e ceco. Este está apontado caudalmente, sendo uma particularidade da espécie.  Logo após o bolo alimentar percorrerá o cólon ascendente, cólon transverso e cólon descendente, chegando por fim no reto.

Fonte: DYCE, K. M. et al. Tratado de Anatomia Veterinária


Na figura acima podemos observar a presença de duas importantes pregas:
- Duodenocólica: que ligará a porção do duodeno descendente com o cólon descendente.
-íleocecal: que ligará o ceco com o íleo.




Os intestinos do equino


O bolo alimentar chega ao intestino delgado através da região pilórica, passa pelo duodeno que se prende no teto da cavidade corporal pelo mesoduodeno e alcança o jejuno.
O inicio do jejuno e o final do duodeno é marcado pelo inicio do mesentério que apresenta um grande acúmulo de linfonodos.
Após percorrer todo o jejuno, o bolo alimentar passa pelo íleo que possui as placas de Payer (agregados linfoides) espalhados na parede do órgão.
Terminada a passagem pelo intestino delgado, o bolo alimentar atinge a primeira porção do intestino grosso: o ceco que nos equinos possui um formato de vírgula. Este é muito importante para os equinos uma vez que é responsável pela fermentação microbiana sendo capaz de armazenar até 30 litros do conteúdo que percorre o intestino.
O ceco do equino é dividido em cabeça, corpo e ápice e este aponta cranialmente nesta espécie. Entre o ceco e o íleo existe a válvula ileocecal que impede o refluxo do conteúdo presente no ceco para o íleo. Porém, nesta espécie, esta válvula é menos resistente, permitindo que o conteúdo do ceco, volte em maior quantidade para o íleo.
Após passar pelo ceco, o conteúdo presente no intestino grosso, alcança o cólon ascendente que nos equinos possui um formato peculiar de “U” deitado, sendo dividido em cólon ventral direito, flexura esternal, cólon ventral esquerdo, flexura pélvica, cólon dorsal esquerdo, flexura diafragmática e cólon dorsal direito.
O cólon ascendente desta espécie apresenta saculações denominadas haustros que permitem uma maior capacidade de dilatação deste órgão. Os haustros originam as tênias. O desaparecimento dos haustros faz com que as tênias não sejam mais formadas.
Após percorrer o cólon ascendente, o conteúdo presente no intestino grosso alcança o cólon transverso, passa para o cólon descendente, chega ao reto e, finalmente é eliminado.


Fonte: DYCE, K. M. et al. Tratado de Anatomia Veterinária



Visão dorsal do cólon ascendente do cavalo, evidenciando seu formato em “U”, cólon dorsal direito, flexura diafragmática, cólon dorsal esquerdo, flexura pélvica, respectivamente. Ceco apontando cranialmente.
Setor de morfologia – DVT / UFV


Visão ventral do cólon ascendente do cavalo, evidenciando o cólon ventral esquerdo, flexura esternal, cólon ventral direito, respectivamente. Ceco sendo constituído de cabeça, corpo e ápice que aponta cranialmente nesta espécie.
Setor de morfologia – DVT /UFV





Prega ileocecal – Setor de morfologia – DVT / UFV


Necropsia de equino evidenciando o intestino - HOV/ UFV



A cólica equina

A cólica equina é uma doença muito grave, que aparece rapidamente e pode levar o animal à morte se não for tratada logo. É conhecida popularmente como “Nó nas tripas”, justamente porque os sintomas se caracterizam por dor na barriga, que pode ser leve ou intensa.
Devido à dor abdominal o cavalo começa a ficar agitado.
As cólicas são classificadas como verdadeiras e falsas.
As cólicas verdadeiras são causadas por doenças dolorosas do estômago e intestinos, com defecação anormal.
As falsas cólicas são oriundas de enfermidades do peritônio, baço, rins, órgãos internos, assim como de doenças infectuosas ou intoxicações alimentares.
Existem dois tipos de cólica: a espasmódica e a flatulenta.
  • Espasmódica - a dor é contínua, de maneira que, entre os ataques, o cavalo pode mostrar aparência normal. Durante o ataque, os principais sintomas são os seguintes: o animal deita-se e levanta-se; retorce-se no solo; dá cabeçadas na barriga; dá patadas e transpira profundamente; apresenta a boca seca e conjuntiva injetada; à medida que o mal progride, os períodos de calma vão se tornando mais curtos e os espasmos mais intensos.
  • Flatulenta - que resulta da distensão do estômago ou intestino pelos gases produzidos em excesso pela fermentação dos alimentos, mostra estes sintomas: dor contínua, porém, pouco intensa; o abdome apresenta-se distendido e o animal muda constantemente de posição, com vontade de deitar-se, mas com medo de fazê-lo.
Sua principal característica é a dor, que vai provocar uma série de mudanças no comportamento do animal. Ele pode, por exemplo, rolar e se jogar no chão sem maiores cuidados, suar em excesso, deitar e levantar constantemente ou ter dificuldades para caminhar. Esse modo de agir é chamado mímica da dor.
Devido a esse comportamento peculiar, perceptível até mesmo para um leigo, é fácil reconhecer um animal com cólica.
O diagnóstico rápido e preciso é fundamental para a sobrevivência do equino, é uma das maiores dificuldades porque os fatores que causam o distúrbio são muitos e variam de caso para caso.
Caso ocorra a obstrução ou torção do intestino, é necessária a intervenção cirúrgica feita por um Médico Veterinário.




Equino com sintoma de cólica




Cirurgia de torção em equino




Os intestinos do suíno



O bolo alimentar chega ao intestino delgado através da região pilórica, passa pelo duodeno que se prende no teto da cavidade corporal pelo mesoduodeno e alcança o jejuno.
O inicio do jejuno e o final do duodeno é marcado pelo inicio do mesentério que apresenta um grande acúmulo de linfonodos.
Após percorrer todo o jejuno, o bolo alimentar passa pelo íleo que possui as placas de Payer (agregados linfoides) espalhados na parede do órgão.
Terminada a passagem pelo intestino delgado, o bolo alimentar atinge a primeira porção do intestino grosso: o ceco. No suíno, este se localiza no antímero esquerdo.
O ceco é dividido em cabeça, corpo e ápice e este aponta caudalmente nesta espécie.  Entre o ceco e o íleo existe a válvula ileocecal que impede o refluxo do conteúdo presente no ceco para o íleo.
Após passar pelo ceco, o conteúdo presente no intestino grosso alcança o cólon ascendente que nos suínos possui um formato espiralado, de cone invertido, com alças centrípetas e centrífugas. Terminada a passagem pelo cólon ascendente, o conteúdo presente no intestino grosso alcança o cólon transverso, passa para o cólon descendente, chega ao reto e, finalmente é eliminado



Fonte: DYCE, K. M. et al. Tratado de Anatomia Veterinária





Doenças dos edemas

A doença do edema é uma toxi-infecção caracterizada pela ocorrência de sinais neurológicos. Esta doença esta associada à presença de cepas patogênicas de E.coli no intestino delgado, não sendo de fácil diagnóstico acometendo principalmente suínos entre 4 a 15 dias após desmame.
 Os sintomas e lesões estão associados a uma toxina, produzida por certas cepas de Escherichia coli, que age nas paredes de vasos sanguíneos. Estas se multiplicam e produzem substâncias que aderem -se e proliferam no epitélio do intestino delgado de leitões susceptíveis, onde produzem a toxina VT-2e. Essa toxina é absorvida e, na corrente sanguínea acabam causando injúria vascular sistêmica trazendo assim os sintomas.
A doença aparece de forma bruta onde afeta preferencialmente leitões entre quatro a oito semanas de idade, mas podendo assim ter exceções acometendo suínos em crescimento, a doença do edema tem alta letalidade, podendo acometer 100% dos lotes.
 Os sintomas mais frequentes são: incoordenação, ataxia, apatia e edema de face. Na fase final da doença ocorre paralisia, tremores, convulsões e movimentos de pedalagem. Alguns animais conseguem a recuperação, mas tornam-se refugos. 






                                                                  Doença dos Edemas




PÂNCREAS

O pâncreas está localizado entre o duodeno e o estômago, e é considerado uma glândula mista por possuir componentes tanto endócrinos quanto exócrinos.
 É dividido em 2 (dois) lóbulos e um corpo, sendo que nos equinos possui formato triangular.


Na porção endócrina do pâncreas temos a liberação de 2 (dois) principais hormônios que são a  insulina e glucagon. A insulina pode ser considerada um hormônio hipoglicemiante, pois age no transporte de glicose da corrente sanguínea para o interior das células. Já o glucagon é um hormônio hiperglicemiante, ou seja, levará a glicose que está estocada no fígado como forma de glicogênio até a corrente sanguínea.

Na porção exócrina do pâncreas temos a presença de papilas que desembocarão no duodeno com suas respectivas secreções. Segue abaixo a lista e sua respectiva espécie.


Para cães e equinos:
- Papila duodenal maior: desembocará o ducto biliar e o ducto pancreático principal.


- Papila duodenal menor: desembocará o ducto pancreático acessório.


Para suínos e grandes ruminantes:


-Papila duodenal maior: desembocará o ducto biliar.


-Papila duodenal menor: desembocará o ducto pancreático acessório.




CURIOSIDADES

Diabetes canina:
Cada vez mais frequente nas clínicas veterinárias de pequenos animais, a diabetes canina acomete principalmente animais idosos em que a produção de insulina pelo pâncreas torna-se insuficiente. Em reflexo disso os animais acometidos apresentam perda de peso, poliúria (urinar em excesso), polifagia (comer demasiadamente) e polidipsia (excessiva sensação de sede). Após o diagnóstico da doença, o animal deve ser tratado a base de insulinoterapia e alimentação específica.





FÍGADO

O fígado é a maior glândula do corpo e desempenha funções essenciais à vida, a mais óbvia é a produção de bile, mas também atua no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, possui ação desintoxicante e contribui para o armazenamento de glicose sob a forma de glicogênio. Os produtos da digestão, transportados na corrente sanguínea após absorção são apresentados às células hepáticas antes de entrarem na circulação sistêmica. Em animais jovens, o fígado é mais pesado que no adulto; sua coloração é geralmente castanho-avermelhada e de consistência macia.

Posicionamento e estruturas

Em termos de posicionamento, o fígado adulto interpõe-se entre o diafragma cranialmente e o estômago e os intestinos caudalmente. Embora ultrapasse o plano mediano, a maior parte fica à direita em todas as espécies.  Há uma divisão do fígado em lobos, mas esse padrão é mais teórico, uma vez que não há implicação clínica relacionada a esse padrão, sendo mais útil conhecer a irrigação hepática.                                                                                                      
O fígado possui duas faces: diafragmática e visceral. É coberto pelo peritônio, exceto em áreas relativamente pequenas na porta (hilo), na fossa para a vesícula biliar e na origem de determinados reflexos peritoneais. Os ligamentos coronários direito e esquerdo e o falciforme fixam o fígado ao diafragma, o ligamento redondo do fígado (vestígio da veia umbilical) o une ao assoalho do abdome e o omento menor fixa o mesmo ao estômago. Na face visceral, há o espaço porta hepático (hilo) e na margem dorsal do fígado há a impressão renal do fígado, causada pelo rim direito.

Fonte: Dyce, Tratado de Anatomia Veterinária




Suprimento sanguineo e invervação

O fígado recebe um suprimento sanguíneo muito abundante através da artéria hepática (um ramo da artéria celíaca) e da veia porta. A veia porta hepática é formada pela união de tributárias que drenam o estômago, intestino, pâncreas e o baço. Todo o sangue distribuído ao fígado é coletado por um único conjunto de veias. Estas acabam por formar as poucas veias hepáticas grandes que se abrem na veia cava caudal quando a mesma atravessa o parênquima hepático. A circulação através do fígado possui inúmeras anastomoses – interarteriais, intervenosas e arteriovenosas. A inervação do fígado fica a cargo de nervos simpáticos e parassimpáticos por meio de plexos periarteriais e dos troncos vagais, respectivamente.






Vias biliares

Por entre as células hepáticas surgem os primeiros canalículos biliares, que conduzem a bile até dúctulos maiores que se unem formando ductos hepáticos amplos. Antes, ou logo após, deixando o fígado na porta, estes se juntam em um único tronco que segue até o duodeno. Um ramo, chamado ducto cístico, oriundo do tronco comum vai até a vesícula biliar. A parte do tronco comum que fica distal à origem do ducto cístico é conhecida como ducto biliar, ou ducto colédoco.
Vesícula biliar: A vesícula biliar não só armazena a bile, mas também a torna mais concentrada pela reabsorção de água. Quando há passagem do alimento pelo intestino, por ação hormonal, a vesícula se contrai e a bile é lançada ali. Equinos não possuem vesícula biliar, compensando a sua falta pela dilatação do sistema de ducto. Nesses animais, há apenas o ducto biliar que passa direto ao duodeno.









APARELHO REPRODUTOR MASCULINO



ÓRGÃOS GENITAIS MASCULINOS


Os órgãos genitais masculinos incluem o pênis, que é o órgão copulador masculino; os testículos, que são as gônadas masculinas; as glândulas acessórias; a uretra masculina, que se estende desde a bexiga até a extremidade livre do pênis; os ductos gonadais (epidídimo e ducto deferente); e adaptações da pele, o escroto e o prepúcio.

Fonte: Dyce, Tratado de Anatomia

Descenso Testicular

A migração do testículo da cavidade abdominal (sua origem embrionária) para o interior do escroto é necessária na maioria dos mamíferos para que haja fertilidade normal, proporcionando temperatura ideal para a espermatogênese. Esse processo depende e é facilitado por uma condensação mesenquimatosa, o gubernáculo testicular, que orienta o testículo em  direção ao canal inguinal e através dele. O encurtamento do gubernáculo faz com que o testículo se aproxime do anel inguinal (interno), que nesta fase acha-se aberto o suficiente para a passagem do testículo. O aumento do peso do testículo, a pressão intraabdominal e a abertura do anel inguinal fornecem a passagem desse órgão para o interior do canal inguinal e, com o total encurtamento do gubernáculo o testículo se posiciona definitivamente no interior do escroto.

Diferença entre espécies: No cão e no gato, o testículo migra para o escroto após uma semana de vida. Nos equinos, o testículo pode retornar à cavidade abdominal caso o animal sofra algum tipo de stress até aproximadamente 18 meses, quando a descida se torna irreversível. Nos bovinos e suínos, o testículo migra para o escroto logo após o nascimento.

Criptorquidismo: A falha do testículo em aparecer na virilha é conhecida como criptorquidismo. Pode ser uni ou bilateral e apresentar o testículo oculto dentro do abdome ou detido dentro do canal inguinal.                                                                                                                Como resultado da exposição do testículo à temperaturas mais altas, a espermatogênese não se inicia na puberdade.  A circunstância é nitidamente indesejável e, apesar de animais unilateralmente criptorquídicos poderem ser férteis, eles devem ser excluídos da reprodução uma vez que a condição é hereditária.


TESTÍCULO

Os testículos são as gônadas masculinas e produzem tanto os gametas masculinos como hormônios. Possuem uma extremidade captata e uma extremidade caudata, estão inseridos dentro de uma bolsa de pele e fáscias subjacentes denominada escroto, e são suspensos dentro desse escroto pelo funículo espermático.                                                                   
Além disso, o testículo possui uma cápsula externa denominada albugínea testicular, que, ao emitir septos para o interior divide o parênquima em lóbulos, e pode formar um espessamento – mediastino testicular. Em seu interior, o testículo possui um parênquima macio, amarelado ou acastanhado que consiste de túbulos seminíferos e tecido intersticial. No tecido intersticial, estão as células de Leydig, produtoras de hormônios androgênicos esteróides. A maior parte do parênquima é formada pelos túbulos, nos quais ocorre o processo de espermatogênese ocorre.                                                                                                                       
Os túbulos seminíferos são contorcidos e se abrem na rede testicular (dentro do mediastino). No interior desses túbulos são encontradas as células de Sertoli, que sustentam e nutrem as células germinativas por meio da produção de hormônios e fatores de crescimento, e o epitélio seminífero.

Orientação escrotal e testicular nas diferentes espécies

Como foi dito acima, o escroto é uma bolsa de pele na qual os testículos estão inseridos. Esse escroto possui externamente um sulco mediano, denominado septo escrotal, que marca a divisão entre os compartimentos direito e esquerdo.                                                                    
Com a migração do testículo da cavidade abdominal para o interior do escroto (exceto em alguns mamíferos nos quais isso não ocorre), o testículo assume um posicionamento nas diferentes espécies.                                                                                                                                                  

Nos ruminantes, o escroto está localizado na região inguinal. O testículo está na vertical, com sua extremidade captata ficando dorsal e a caudata ficando ventral.                               
Em equinos, o escroto também está na região inguinal. Porém, o testículo está na horizontal e, portanto, a extremidade captata fica cranial e a caudata ventral.                                            
Carnívoros possuem o escroto na região perineal baixa e um posicionamento do testículo idêntico ao do eqüino.                                                                                                                                                      

Já nos gatos e suínos, o escroto localiza-se na região perineal alta. O testículo está oblíquo, com a extremidade captata crânio-ventral e a caudata caudo-dorsal.

Posicionamento em Carnívoro

Posicionamento em Ruminante
Posicionamento em Suíno

Termorregulação Testicular
O processo de espermatogênese é influenciado pela temperatura e não é capaz de prosseguir naturalmente com a temperatura interna do corpo. Muitos fatores ajudam a manter a temperatura endotesticular adequada, como o descenso testicular, que já foi mencionado aqui no blog. Além disso, temos os fatores: plexo pampiniforme, túnica dartos e músculos cremásteres.                                                                                                                                                                 O Plexo Pampiniforme é formado pelo enovelamento da artéria e veias testiculares dentro do funículo espermático, pré-resfriando o sangue da artéria à medida que esta segue seu trajeto espiralado.     
  




A Túnica Dartos funciona como uma medida defensiva, pois sua contração permite que em dias mais frios encolha o escroto e tracione os testículos em direção ao tronco mais aquecido. Em dias quentes, sua contração promove o afastamento do testículo da cavidade corporal, ficando este mais pendular.




     

Os Músculos Cremásteres promovem a suspensão dos testículos dentro do escroto a partir de sua contração.

Curiosidade:  No galo, o testículo fica localizado dentro da cavidade celomática, (uma cavidade única, uma vez que em aves não se separam cavidades) próximo ao coração. Como se dá a termorregulação nessa espécie?                                                                                                               A termorregulação é feita através dos sacos aéreos que esse animal possui, resfriando o testículo e proporcionando uma temperatura ideal para a espermatogênese!


Caso clínico envolvendo Criptorquidismo e Sertolioma
- retirado do blog: 
http://au-kimia.blogspot.com.br/2011/01/sertolioma-tumor-no-testiculo_28.html
Sertolioma (Tumor no Testículo)


Série de fotos da cirurgia de um cão c/ tumor de células de Sertoli ou Sertolioma (tumor testicular) diagnosticado através de citologia aspirativa (método CAAF);

O animal apresentava sensiblidade à palpação nas proximidades do tumor, dificuldade de andar, alopecia (perda de pêlos) simétrica e hiperpigmentação da pele. O testículo afetado (esquerdo) encontrava-se sob a região inguinal ao invés da bolsa escrotal. Esta disposição anatômica anormal é denominada "criptorquidismo", e predispõe o indivíduo à torção testicular ou à indução de tumor testicular, como no caso ora apresentado. O tratamento de eleição consiste na remoção cirúrgica dos dois testículos, ainda que um deles esteja localizado na bolsa escrotal. A grande parte dos tumores testiculares geralmente não dão metástases, a menos que se demore muito quanto a decisão de operar o animal permitindo assim um maior crescimento e alteração do comportamento biológico do tumor.


Notar a localização ectópica do testículo esquerdo com tumor sob a região inguinal (criptorquidismo). Observam-se também  hiperpigmentação e alopecia.




Atrofia testicular (à esq.) induzida pelo excesso de hormônio feminino produzido pelo tumor (à dir.).

Superfície de corte do Sertollioma, com coloração levemente amarela-acinzentada.



O FUNÍCULO ESPERMÁTICO




Vasos sanguíneos no funículo espermático (plexo pampiniforme e artéria articular).


O funículo espermático mantém cada testículo suspenso separadamente no escroto. É composto por um feixe de estruturas que inclui o ducto deferente e os vasos e nervos supridores envoltos em um revestimento de peritônio.
Comunica-se com a cavidade peritoneal do abdome através do anel vaginal, uma estreita abertura em forma de fenda localizada dentro da abertura interna do canal inguinal. Às vezes, um alça de intestino delgado faz uma hérnia no processo peritoneal através do canal vaginal; esta complicação é frequentemente encontrada à castração.
O funículo varia em comprimento e formato e sua massa é constituída pela artéria testicular e por veias que sofrem modificações.
As veias testiculares constituem um plexo pampiniforme, onde se encontram as contorções da artéria e, por fim, o plexo se reduz a uma única veia que segue para a veia cava caudal.


O RESVESTIMENTO DOS TESTÍCULOS


A superfície externa do testículo se torna lisa pelo revestimento peritoneal direto. O peritônio reveste uma cápsula espessa (túnica albugínea), composta principalmente de tecido conjuntivo denso.
O processo peritoneal (túnica vaginal) que envolve o testículo é uma evaginação do revestimento do abdome através do canal inguinal. A estreita parte proximal que rodeia o funículo espermático se dilata distalmente, formando no escroto um prolongamento em forma de frasco, que envolve o testículo e o epidídimo. As lâminas parietal e visceral da túnica são ligadas por uma prega, que vai do anel vaginal à cauda do epidídimo.
A cútis escrotal adere a uma camada fibromuscular (túnica dartos), que também se estende como um septo entre os compartimentos que alojam os testículos separadamente.
Interna ao músculo dartos, há uma fáscia (espermática) que pode ser decomposta em várias camadas. A camada predominante é a fáscia espermática externa, que pode ser nitidamente separada da Túnica dartos.
A densa fáscia espermática externa que sustenta a túnica vaginal também envolve o músculo cremaster, uma faixa muscular.


1. Cútis escrotal e dartos;  2. Septo escrotal;  3. Fáscia espermática externa;  4. Lâmina parietal de túnica vaginal;  5. Lâmina visceral; 6. Músculo cremaster;  7. Lâmina visceral de túnica vaginal cobrindo estruturas do funículo espermático;  7’. Lâmina visceral sobre os testículos;  8. Ducto deferente; 
 9. Cauda do epidídimo
Fonte: DYCE, K. M. et al. Tratado de Anatomia Veterinária. 2004.